terça-feira, 17 de abril de 2007

"Anuncie na revista e ganhe um banner em nosso site"

O famoso bordão utilizado em negociações comerciais, tradutor de uma tática de venda bem conhecida no meio impresso será, em breve, banido da estratégia comercial das editoras. O motivo é a aposta no mundo digital como mais uma forma de se ganhar dinheiro. Esse foi o tema discutido hoje em evento promovido pela Anatec. Ou seja, pensar na Internet nos mesmos moldes da versão impressa não é pensar na Internet. O ex-diretor superintendente da Abril Digital, Andrés Bruzzone, recomendou às editoras que construam equipes especializadas independentes em conteúdo e venda de anúncio. "As equipes têm de ser valorizadas igualmente", adverte. O objetivo é valorizar o meio digital, construindo um site que não seja uma extensão da versão impressa.

Utilizar o mesmo conteúdo ou ainda o mesmo comercial compromete a relevância do on line. "O meio parece o mesmo, mas não é". Bruzzone explica que o ciclo, o modelo de negócio e o tipo de envolvimento do público são diferentes. O diretor da empresa curitibana Alternativa Editorial, Valcidio Perotti, compartilha de opinião semelhante sobre a separação dos modelos."Outro benefício é poder definir claramente os custos do seu projeto de Internet", resume. A estratégia está atualmente distante da realidade brasileira, em que grande parte das versões digitais é sustentada pela impressa ou, num cenário mais otimista, não gera lucro. O foco das empresas hoje é sobreviver neste novo cenário. A Internet torna-se uma aliada uma vez que impulsione a venda do off line ou traga anunciantes para o conteúdo exclusivo trancado aos dígitos das senhas.

Andrés acredita que o retorno da Internet pode ir além. E-commerce, venda de conteúdo especializado, criar uma marca forte são algumas das possibilidades que a web oferece. Conteúdo fechado só em caso específico. Quando a marca gera um público com potencial para comprar artigos especializados justifica-se o bloqueio. Na maioria dos casos o modelo pede conteúdo totalmente aberto ou o modelo Freemium. Neste, a marca oferece conteúdo gratuito por algum tempo e em seguida agrega outros novos conteúdos pagos. "A diferença é que você não passa a maltratar quem te prestigiou até então". A vantagem é não gastar budgets altíssimos para fortalecer a marca e conquistar um grande publico. O modelo Freemium, na maioria dos casos, não compromete o interesse do público pelas reportagens impressas como argumentam as editoras. Gera ainda mais relevância. A revista Forbes, por exemplo, que oferece conteúdo aberto, tem apenas 3% do seu público de Internet interessado em ler as matérias da revista.

Publicidade

No Brasil, o mercado publicitário ainda não reagiu. "Trata-se de um mercado reativo, com dificuldade para ousar". O mesmo acontece com o mercado editorial, formado para pensar o conteúdo em páginas impressas. No modelo antigo o conteúdo pertence à empresa. O modelo hoje é diferente. A web 2.0 pede interatividade, mais participação e conteúdo aberto. A aposta de Bruzzone é numa mudança editorial forte, já que os índices brasileiros de Internet são otimistas: somos o 8° país em número de acesso com 17% de penetração (fonte: http://www.internetworldstats.com/top20.htm). Na Inglaterra, por exemplo, a verba de publicidade on line já ultrapassa a de revista. Uma realidade que poderá ser em breve a do Brasil. Conquistar o posto de matéria de capa para internautas e anunciantes pede cuidados exclusivos: aprender a ser relevante e entender que tecnologia é tão fundamental quanto os bons profissionais da redação.

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